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Natura anuncia compra da Avon e cria gigante com receita de US$ 10 bilhões

on qua, 22/05/2019 - 18:35
quarta-feira, 22 Maio, 2019 - 18:30

A brasileira Natura anunciou nesta quarta-feira, 22, a compra da Avon, em uma operação de troca de ações. Segundo a companhia, o negócio vai criar o quarto maior grupo de cosméticos do mundo. O acordo traz uma quarta marca para a holding da Natura, que já controlava a própria Natura, a britânica The Body Shop e a australiana Aesop. O negócio avaliou a Avon em cerca de US$ 2 bilhões (R$ 8 bilhões), de acordo com fontes ligadas ao negócio.

Foto: Natura / divulgação

A transação vai criar uma nova holding brasileira,  Natura Holding S.A, na qual os atuais sócios da Natura terão 76% de participação, contra 24% dos atuais acionistas da Avon. Com a aquisição, a Natura & Co. passará a ter faturamento bruto anual superior a US$ 10 bilhões (R$ 40 bilhões), mais de 40 mil colaboradores e presença em cem países.

O negócio se refere à operação da Avon listada em Bolsa e, portanto, exclui os Estados Unidos, cujo negócio foi separado da operação global em 2015, quando foi alvo de uma aquisição pelo fundo abutre Cerberus.

Com a inclusão da Avon em seu portfólio, a Natura tenta crescer no segmento mais popular de cosméticos. A empresa já está presente em produtos de maior valor agregado, após a compra da britânica The Body Shop, em 2017, e no de luxo, com a australiana Aesop (sua primeira grande aquisição, em 2013). Segundo comunicado divulgado pela Natura sobre o negócio, a transação vai ajudar a empresa a "atender seus diferentes perfis de clientes, em diversos canais de distribuição, expandindo sua atuação para novas regiões".

Dificuldades da Avon

Ao optar pela troca de ações, a Natura conseguiu colocar para dentro de casa um negócio grande e complexo, sem se expor de financeiramente de forma significativa, conforme análise do banco Brasil Plural. "Apesar disso, com a aquisição, a Natura vai enfrentar uma série de desafios relativos ao apelo e às operações logísticas da marca Avon, à medida que a companhia vem enfrentando dificuldades em todos os seus principais mercados".

O banco aponta ainda que a Natura "terá de investir para recuperar as operações globais (da Avon), enquanto já empreende um trabalho de reestruturação da The Body Shop".

Os erros da operação da Avon foram muitos nos últimos anos e incluíram problemas de logística em diferentes mercados e a perda de relevância da marca com uma consumidora com muito mais opções de escolha. Após duas trocas de presidente – e de ter recusado oferta de compra da Coty por US$ 11 bilhões, em 2012 –, a Avon dos Estados Unidos acabou nas mãos do fundo Cerberus, conhecido como “abutre”, ou seja, especializado em empresas em dificuldades.

Apesar de combalida, no entanto, a Avon pode servir como linha popular para a Natura, além de servir como plataforma para o lançamento da “marca-mãe” em vários novos mercados. As duas empresas terão, juntas, 6,3 milhões de consultoras de beleza em todo o mundo. A Natura disse esperar coletar cerca de US$ 150 milhões e US$ 250 milhões com o acordo. 

Aprovação do Cade

Segundo o comunicado da Natura, após a conclusão da aquisição, o conselho de administração será composto por 13 membros, sendo que três serão escolhidos pela Avon. A transação está sujeita aos acionistas das duas companhias e também por órgãos reguladores, incluindo o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A conclusão da operação é esperada para o início de 2020.

A Natura &Co foi assessorada pelos bancos UBS e Morgan Stanley, enquanto a Avon foi auxiliada por Goldman Sachs. Os membros do conselho de administração da Avon foram assessorados pela PJT Partners.


Fonte: Estadão