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Antes e depois de fazenda devastada é alento e prova de resiliência da natureza

on qua, 18/12/2019 - 20:23
quarta-feira, 18 Dezembro, 2019 - 20:00

Duas imagens do mesmo cenário, mas com tempo distinto, são um alento para a recuperação do Pantanal sul-mato-grossense depois das queimadas que devastaram mais de 173 mil hectares durante o período de seca.

A publicação mostra os estragos provocados pelos incêndios em área do Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda, distantes 201 km de Campo Grande, e também o ressurgimento do verde, dominando a paisagem, com a pastagem completa e árvores renascidas.

Duas imagens no mesmo cenário mostram recuperação após período de queimadas (Foto: Reprodução/Instagram)

O Projeto Arara Azul, uma das associações que atua na região, emitiu um relatório do impacto do fogo. No documento, a instituição aponta que eram cadastrados 98 ninhos, sendo 52% de ninhos naturais e 48% artificiais.

A primeira informação de incêndio foi registrada no dia 9 de setembro. “Em campo, funcionários da fazenda, do hotel, dos projetos se uniram para apagar o fogo, que por 16 dias tornou-se um pesadelo, praticamente incontrolável”, classifica o relatório. Nele, consta que o fogo foi controlado somente com a chuva do dia 25 do mesmo mês.

Foram consumidos pelo fogo cerca de 60% da Caiman. No documento, o instituto aponta que as araras azuis estavam “em pleno período reprodutivo, que havia começado um pouco mais tardio, exatamente pelas chuvas [...] escassas e pontuais desde julho”.

Segundo o Instituto Arara Azul, 33% dos ninhos cadastrados foram atingidos em diferentes graus. Dos 15 ninhos ocupados por outras espécies, 60% foram atingidos pelo fogo.

Em relação às araras azuis, 30 ninhos estavam em preparação ou disputa com outras espécies. A maior parte estava com ovos ou filhotes. Dezenove deles sofreram impacto das queimadas, com perda de ovos e filhotes, que “afetarão o sucesso reprodutivo desta estação”.

Dos 82 ovos registrados na Caiman durante o período, 28% foram perdidos, 22% estavam sendo incubados e 50% já tinham eclodidos. Dos 41 filhotes, 61% estavam sobrevivendo até o fim de setembro.

O instituto alerta que as mudanças climáticas, contando também o excesso de chuva, têm prejudicado o desenvolvimento dos animais. “Por onde o fogo passou, provocou diferentes graus de severidade na paisagem. Em alguns locais, queimou praticamente tudo. Em outros, queimou somente a grama e vegetação rasteira. Porém, queimou extensas áreas de palmeiras de acuri e bocaiúva que servem de alimentação para as araras azuis, uma das aves mais especialistas do Pantanal”, diz trecho do documento.

“Embora esse balanço tenha sido positivo, pois a maior parte dos filhotes nascidos estão se desenvolvendo, a sobrevivência a longo prazo das araras azuis tem sido cada vez mais preocupante [...]. O ano de 2018 teve o pior resultado reprodutivo das últimas décadas, devido à perda de ovos e filhotes recém-nascidos pelas variações climáticas, mudanças nos padrões sazonais, predação e mortalidade”, destaca o relatório.

Queimadas – Com os focos de incêndio no Pantanal, uma força-tarefa foi criada envolvendo mais de 300 pessoas das unidades do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal, Ibama, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Exército e os próprios funcionários de fazendas da região.

Quatro aeronaves foram utilizadas para auxiliar no combate, duas com capacidade de transportar 3 mil litros de água, e as outras duas com tanques de 1,5 mil litros de água cada. A força-tarefa foi desmobilizada, encerrando as operações oficialmente, no dia 8 de novembro.


Fonte: Campo Grande News