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Criadores de bezerros de MS comemoram os lucros de 2015

on seg, 28/12/2015 - 09:04
segunda-feira, 28 Dezembro, 2015 - 09:30

Faça de conta que o Réveillon chegou mais cedo e que a festa já começou. E pode acreditar, o berreiro todo soa como fogos de artifícios para os ouvidos de quem trabalha com bezerros. É que mais uma vez, o ano vai fechar no azul e só há motivos para comemorar.

Considerando que a arroba do boi gordo sempre foi a moeda do pecuarista, alguns animais ilustram a movimentação que anda ocorrendo no setor. Há dois anos, com o preço de 10 bois era possível adquirir um lote com 21 bezerros. Há um ano, esse poder de compra caiu para 19 bezerros e agora, não passa de 17. Ou seja, isso seria equivalente a dizer que quatro bezerros escaparam porteira afora e que o dinheiro escorreu pelas mãos de quem trabalha com engorda.

E não é que o boi gordo tenha se desvalorizado. Até subiu. De acordo com os dados do Cepea, o Centro de Estudos Avançados em EconomiaAplicada da USP, no acumulado dos últimos dois anos, a arroba teve um aumento de pouco mais de 30%, mas a alta do preço do bezerro foi quase o dobro.

Guilherme Malafaia, da Embrapa Gado de Corte, explica que essa valorização do bezerro tem a ver com o abate excessivo de matrizes que ocorreu de 2011 a 2013, devido a baixa remuneração do setor na época. Com o mercado pouco estimulante, muitos pecuaristas mandaram as fêmeas para o frigorífico. É como imaginar, por exemplo, uma fábrica onde se diminui o número de máquinas que produzem.

Só para se ter uma ideia, no ano de 2012, as fêmeas representaram 47% dos animais encaminhados para o abate em Mato Grosso do Sul. O normal seriam 42% ou 43%.

Está fazendo 25 anos que uma propriedade no município de Figueirão passou a investir pesado na criação de bezerros de qualidade. E o dono, Rubens Catenacci, é categórico em dizer que nunca tinha visto uma valorização tão grande dos seus animais.

Rubens é um dos pecuaristas mais tecnificados do Brasil quando se fala em criação de bezerros. Sabe produzir e sabe vender. Seus animais são comercializados apenas em leilões e, em 2015, ele conseguiu uma média de R$ 2 mil por cabeça.

Os bezerros de Rubens sempre são vendidos acima da média do mercado, devido ao trato e à genética do rebanho. Todos os dias, os bezerros são apartados das mães por três horas para que comam ração desde cedo. “Aí é onde a gente termina bezerro de oito meses com 300 quilos”, conta.

A dieta com ração começa aos 35 dias de vida e vai até a desmama. “Nos primeiros 90 dias, ele come 100 gramas, em média, e até chegar aos oito meses ele vai comer 500 gramas”.

A acentuada valorização do bezerro mexeu com as estruturas de toda cadeia da carne. Pelo menos, essa é a opinião do administrador da fazenda, Rogério Rosalin. “O patinho feio, que era o bezerro, o gado de cria, de baixa rentabilidade, hoje virou a bola da vez, com certeza”.

Na Famasul, a Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul, a diretora Terezinha Cândido diz que o cenário atual equilibrou os ganhos do setor. “Porque antigamente nós tínhamos um cenário onde o produtor que fazia a parte de terminação, ele era muito privilegiado. Ganhava mais. Agora, com isso, não. Essa relação preço de bezerro e boi gordo melhorou bastante para o lado do pessoal que trabalha com a cria. Isso distribuiu melhor a renda entre a cadeia”.

No município de Bandeirantes, o criador Paulo Siemionko compra por volta de 4 mil bezerros por ano. Ele só trabalha com recria e engorda e está vendo sua margem de lucro diminuir, mas para compensar armou uma estratégia. 


G1 MS